22 de mai. de 2011

Esquisitices Não - Parte 2

Tenho passado alguns dias (desde o dia 06/05) pesquisando sobre a vida do Senhor. Aprendi a apreciar o mundo ordeiro do judaísmo do primeiro século. Admito que a classificação das pessoas amargurou minha alma - era um padrão formal de não-graça, um sistema religioso de castas - mas pelo menos os judeus haviam descoberto um lugar para cada grupo como as mulheres, os estrangeiros, os escravos e os pobres. outras sociedades os tratavam de maneira pior.

Jesus apareceu na terra exatamente quando a palestina estava experimentando um reavivamento religioso. Os fariseus ditavam regras precisas para a manutenção de pureza: nunca entrar na casa de um gentio, nunca jantar com pecadores, não trabalhar aos sábados, lavar as mãos sete vezes antes de comer. Assim, quando espalharam-se rumores de que Jesus podia ser o Messias há muito esperado, os judeus "piedosos" ficaram mais escandalizados do que jubilosos. Ele não tinha tocado em pessoas impuras, tais como aqueles leprosos? Não tinha permitido que uma mulher de má reputação lavasse seus pés e os enxugasse com seus cabelos? Ele jantava com cobradores de impostos - um deles até fazia parte de seu círculo mais íntimo de discípulos - e era notoriamente frouxo com as regras da purificação ritual e a guarda do sábado.

Além disso, Jesus deliberadamente entrava em território gentio e se envolvia com os gentios. Ele elogiou um centurião romano por ter mais fé do que qualquer um em Israel e se ofereceu para entrar na casa do centurião para curar seu servo. Ele curou um samaritano mestiço de lepra e teve uma longa conversa com uma mulher samaritana. Essa mulher, rejeitada pelos judeus por causa de sua raça, rejeitada pelos seus vizinhos pelos seus muitos casamentos, tornou-se a primeira "missionária" designada por Jesus e a primeira pessoa a quem Ele francamente revelou sua identidade como Messias.

A aproximação de Jesus das pessoas "impuras" consternava seus compatriotas e, finalmente, ajudou a crucifica-lo. Em essência, Jesus cancelou o grande princípio do Antigo Testamento "Esquisitices, não", substituindo-o por uma nova regra da graça: "Todos nós somos esquisitos, mas Deus nos ama mesmo assim". Os evangelhos registram apenas uma ocasião em que Jesus fora obrigado a recorrer à "violência": na purificação do templo. Brandindo de um chicote de couro, Ele derrubou as mesas e as bancas e expulsou os mercadores que se haviam estabelecido ali. A arquitetura do templo expressava a hierarquia entre os judeus, os gentios podiam entrar apenas no pátio exterior. Jesus não gostou de que os comerciantes houvesse transformado a área dos gentios num bazar oriental cheio de sons de animais mugindo e vendedores anunciando preços, uma atmosfera que dificilmente conduzia à adoração. Marcos registra que, "depois de Jesus haver purificado o templo, os sumo sacerdotes e mestres da lei buscavam ocasião para mata-lo". No sentido real, Jesus selou o seu destino com sua insistência irada no direito dos gentios de se aproximarem de Deus.

Continua no próximo post.

6 de mai. de 2011

Esquisitices Não - Parte 1

Levítico 11; Atos 10

Em Atos 10 temos uma fascinante passagem do Novo Testamento, a narrativa da visão do apóstolo Pedro sobre o terraço da casa. Tendo subido ao terraço para orar sozinho, Pedro começou a sentir fome. Sua mente vagueava, e ele entrou num êxtase. Depois disso, teve uma visão espantosa. Um grande lençol desceu do céu, cheio de mamíferos, répteis e aves "impuros". O texto de Atos 10 não é muito específico, mas podemos encontrar uma boa dica das espécies desses animais em Levitico 11.

Os animais descritos em Levítico 11 constituíam um tabu, eram abomináveis. "Ser-vos-ão por abominação", Deus dissera. Agora esses itens abomináveis descendo em um lençol, com uma voz celestial ordenando: "Levante-se, Pedro, mate e coma". Pedro fez com que Deus "se lembrasse" de suas próprias regras. "Claro que não, Senhor!", ele protestou. "Nunca comi nada impuro ou duvidoso". Deus respondeu: "Não chame de impuro nada que Deus tenha purificado".

Quando voltamos ao livro de Levitico vemos a explicação de Deus sobre a proibição: "Eu sou o Senhor vosso Deus; consagrai-vos, e sede santos, porque eu sou santo". A rápida explicação de Deus dá lugar a muitas interpretações, e os mestres há muito debatem os motivos por trás do motivo. Uns tem destacado os benefícios para saúde na lei levítica, outros observam que muitos dos animais proibídos são necrofágos, alimentando-se de carniça. Outros, ainda, observam que as leis específicas parecem dirigidas contra os costumes pagãos dos vizinhos dos israelitas. Por exemplo, a proibição de cozinhar uma cabra no leite de sua mãe parecia ter sido feita para evitar que os israelitas imitassem um ritual de magia dos cananeus.

A antropóloga Mary Douglas vai mais longe, observando que em cada caso Deus proíbe animais que apresentam uma anomalia. Uma vez que peixes devem ter barbatanas e escamas, moluscos e enguias não se qualificam. As aves devem voar, assim as emas e avestruzes não se qualificam. Animais terrestres devem andar com quatro pernas, não rastejar como a cobra. Gado doméstico, ovelhas e cabras ruminam e têm cascos fendidos; portanto, todos os mamíferos comestíveis deveriam ser assim. Seguindo o raciocínio da antropóloga se tivessemos que dizer em poucas palavras o que torna uma coisa impura, diríamos que é alguma coisa que, por algum motivo ou outro, fosse anormal. De acordo com o que lemos em Levítico podemos chegar a essência das leis do Antigo Testamento: esquisitice, não. O mesmo princípio se aplicava aos animais "puros" utilizados no culto. Nenhum israelita podia trazer um cordeiro aleijado ou defeituoso para o templo, pois Deus queria animais sem mácula. Deus exigia perfeição; Deus merecia o melhor. Esquisitices, não.

O Antigo Testamento aplica uma classificação semelhante, muito mais perturbadora, às pessoas. Uma coisa é chamar um animal de impuro e outra, muito diferente, é chamar as pessoas de impuras, mas as leis do Antigo Testamento não se retraíam desse passo.
Nenhum dos teus descendentes, nas suas gerações, em quem houver algum defeito, se achegará para oferecer o pão do seu Deus. Nenhum homem, caso tenha algum defeito físico, se achegará: nenhum homem que seja cego, coxo, desfigurado ou deformado; nenhum homem que tenha o pé quebrado ou a mão quebrada, ou for corcunda, ou anão, ou que tenha qualquer defeito dos olhos, ou sarna, ou impingens, ou testículos esmagados.
Nesta época de "politicamente correto", tal classificação espalhafatosa de indivíduos, baseada no genêro, raça e até mesmo na saúde física, parece quase inconcebível, mas esse era o ambiente que definia o judaísmo. Todos os dias os homens judeus começavam suas orações matinais dando graças a Deus "que não me fez gentio...que não me fez escravo...que não me fez mulher".

O texto de Atos 10 mostra a "lógica mortal dos políticos da pureza". Quando Pedro sob coação concordou em visitar a casa do centurião romano, apresentou-se dizendo: "Vocês sabem muito bem que é contra nossa lei que um judeu se associe a um gentio ou o visite". Ele fez tal concessão apenas depois de ser derrotado por Deus na discussão do terraço. Pedro continuou: "Mas Deus me mostrou que não devo chamar nenhum homem de impuro". Uma revolução de graça estava a caminho, do tipo que Pedro dificilmente poderia compreender. Será que nos compreendemos essa revolução?
Continua no próximo post...


4 de mai. de 2011

Olhos curados pela Graça

"Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça". (Romanos 5:20)

Quanto mais estudo a vida de Jesus, mais me convenço de que sejam quais forem as barreiras que tivermos de transpor ao tratar com pessoas "diferentes", elas não se podem comparar com o que um Deus santo - que habitava no Santíssimo Lugar, e cuja presença expelia morte de qualquer pessoa impura que se aproximasse - teve de vencer quando desceu para se juntar a nós sobre o planeta Terra.

Uma prostituta, um rico aproveitador, uma mulher endemoninhada, um soldado romano, uma mulher com hemorragia, e outra samaritana com vários maridos ficaram maravilhados porque Jesus recebeu a reputação de ser "amigo de pecadores".

Jesus tinha o poder de amar prostitutas, valentões e pessoas de caráter duvidoso, Ele foi capaz disso apenas porque via através da sujeira e da crosta da degeneração; seus olhos captavam a origem divina que está oculta por toda parte em cada homem! Primeiro, e principalmente, Ele nos dá novos olhos, olhos curados pela graça.

Quando Jesus amava uma pessoa qualquer carregada de culpa e a ajudava, via nela um filho de Deus desviado. Via um ser humano a quem seu Pai amava e por quem se entristecia por ele andar em caminhos errados. Ele o via como Deus o planejara originalmente e queria que ele fosse e, portanto, olhava, por baixo da camada superficial da sujeira e da imundície, para o verdadeiro homem. Jesus não identificava a pessoa com o seu pecado, antes via nesse pecado alguma coisa estranha, alguma coisa que realmente não fazia parte da pessoa, alguma coisa que simplesmente a acorrentava e a dominava e da qual Ele a libertaria e a traria de volta para o seu verdadeiro eu. Jesus foi capaz de amar os homens porque Ele os amava da maneira certa através da camada de lama.

De alguma forma, todos nós somos abominações para Deus - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus - e, de alguma forma, contra toda razão, Deus nos ama assim mesmo. A graça declara que ainda somos o orgulho e a alegria de Deus.

Todos nós na igreja precisamos de "olhos curados pela graça" para ver o potencial nos outros para a mesma graça que Deus tão prodigamente nos concedeu. "Amar uma pessoa, significa vê-la exatamente como Deus pretendia que ela fosse".

Pense nisso.

"A Bíblia não diz que devemos amar a todos? Ah! a Bíblia! Para dizer a verdade, ela diz uma porção de coisas, mas ninguém nunca pensa em colocá-las em prática."
(Harriet Beecher Stowe, em A Cabana do Pai Tomás)

2 de mai. de 2011

Trabalhando para Deus

Extraído da Pastoral do boletim IBACECON 01/05/11

Amados, que a graça e a paz de Jesus repousem sobre sua vida.
Hoje é celebrado o Dia do Trabalho, algumas pessoas podem até se lamentar por este feriado ter acontecido exatamente num domingo. Creio ser essa uma boa ocasião para agradecer e motivar todos aqueles que, de coração, dedicam-se à obra do Senhor. 

Quando penso em trabalho, em obra, logo vem a mim a imagem de Neemias se esforçando para reconstruir os muros de Jerusalém. Neemias é um bom exemplo de trabalhador que não esmorece quando chegam as dificuldades e que também não perde a visão quando os desanimados e os contrários lhe oferecem outros caminhos. Neemias tem discernimento e inspiração para conduzir os trabalhadores firmados num mesmo propósito.Você sabe que o sucesso alcançado por aqueles trabalhadores foi resultado de muito esforço e dedicação.

Amados, o nosso trabalho para o Senhor nunca será em vão. Sempre valerá a pena se empenhar para servir melhor ao nosso Deus. Todo trabalho feito para o engrandecimento do Reino sofre oposição. O inimigo não quer que a obra avance e se levanta para impedir que o trabalho prossiga. Deus, certamente, tem confiado uma missão a você. Desde que entregamos a nossa vida ao senhorio de Cristo, nos tornamos servos do reino. Todos nós servos do mesmo Senhor, e ser servo é a maior "graduação" no reino de Deus. Temos o compromisso de servir e precisamos assumir a responsabilidade deste nobre encargo.

Nos momentos mais difíceis de sua dedicação à obra, lembre-se de que Deus está ao seu lado, confie nele. Quando você pensar que as coisas não vão dar certo, esforce-se ainda mais. Não há vitórias sem lutas. Quando você quiser desistir, olhe para a cruz. Jesus foi até o fim, Ele não desistiu do Seu penoso trabalho, porque te julgou merecedor. Amados, que possamos caminhar cada dia mais unidos e trabalhando pelo mesmo propósito, que tenhamos sabedoria para vencer os obstáculos, tendo a confiança de que o Senhor nos dará a vitória.

Que Deus abençoe a todos. Firmes e Constantes, Seu Pastor